Nós, moradores do Sudoeste do Paraná, repudiamos publicamente a reportagem vinculada no jornal “Folha de São Paulo”, com o título “Parlamentares querem ‘estrada-parque’ em área com bichos ameaçados no Iguaçu”, pois a referida matéria, um amontoado de preconceitos antigos e repetidos nas redes sociais, visa a perpetuar as seguintes mentiras:
I – o povo do Paraná quer destruir o Parque Nacional do Iguaçu. O povo do Paraná é um bando de criminosos ambientais.
II – todo o político paranaense que defende a estrada-parque, é interesseiro ou está a serviço do grande capital agropecuário.
Mentiras e mentiras que ferem todo o nosso povo. Diga-se de passagem, a matéria que é baseada na intolerância e no sectarismo difundido pelas redes sociais, erra inclusive o tamanho da estrada-parque (ela sempre possuiu 17,5 Km – basta consultar o mapa viário do Paraná da década 1920).
O desejo de ferir o povo do sudoeste e do oeste Paraná foi tamanho que dimensionou a histórica estrada em 100 km. Pensamos que o açodamento foi proposital, para esconder a seguinte verdade: o pequeno trecho serviu como caminho indígena, o pequeno trecho serviu para pioneiros e colonizadores, o pequeno trecho precede a reserva. Por isso, a famosa Coluna Prestes utilizou o nosso caminho.
Nós acreditamos na liberdade de imprensa!Nós queremos acreditar que a Folha de São Paulo foi levada a erro. Nós queremos acreditar que a profissional foi induzida a engano por fontes ultrapassadas e preconceituosas, pois é inconcebível que um grande jornal brasileiro não perceba que o fundamento da luta pela estrada-parque está no resgate histórico, humano e cultural de todo um povo.
Para o nosso povo, que primeiro conservou a reserva, é espantoso ver o tom dado pela reportagem. Para nós, o parque não é local de “bicho”, mas de vida. Nós, somos os primeiros, os melhores e os maiores interessados em conservar “a vida” na sua plenitude (a fauna e flora).
Além de estigmatizar todo um povo. A reportagem quer pautar o debate político. Há nas suas linhas um claro recado ideológico: quem defende a rodovia ecológica é criminoso ambiental!
Triste. Muito triste. Quando uma matéria agride princípios básicos do jornalismo. Por exemplo, qual cooperativa paranaense foi ouvida e falou que quer explorar a estrada-parque?
Temos orgulho das nossas cooperativas. Geram emprego e riquezas para todo o Brasil. Mas todos sabem no Paraná: as nossas cooperativas não utilizarão a estrada-parque caminho do colono.
Aliás, a agressão não é somente contra as nossas cooperativas, são contra os nossos esforça dos agricultores. Também, são direcionadas contra os nossos produtores familiares de leite.
Novamente, clamamos a Folha de São Paulo: a nossa rodovia é ecológica não servirá a fins agropecuários.
Parem de agredir as nossas cooperativas! Parem de agredir os nossos agricultores!
E, sobretudo, não vinculem a estrada ecológica que será caminho de vida com o tráfico de drogas.
Além do mais, a preponderar o raciocínio da reportagem devemos fechar a BR-277 e eliminar os nossos irmãos paraguaios e argentinos. E, depois, deveríamos como paranaenses seguir todos espontaneamente para o cárcere, pois nas nossas estradas podem circular drogas.
É a maldade pura. É a criminalização do nosso povo e da nossa história.
Infelizmente, a “reportagem” foi feita de helicóptero e nas nuvens, ninguém falou com o nosso povo, ninguém caminhou com a nossa gente.
Assim, devemos falar para o Brasil a verdade. E a verdade é a seguinte: não temos divisão, não temos receios, a nossa estrada ecológica é parte da nossa vida. Ela vai proteger em definitivo o nosso parque nacional.
Nós, que caminhamos juntos como comunidade, somos religiosos, somos agricultores, somos estudantes,somos advogados, somos rotarianos, enfim, somos homens e mulheres convictos que é necessário proteger o meio ambiente.
Além disso, a idéia que devemos proteger o parque por medo de sanção da Unesco, por receio de opiniões de turistas internacionais ou por dinheiro, é chocante para nossa concepção de vida.
Nós defendemos o parque pela memória dos nossos antepassados e pelas nossas crianças. Nós defendemos o parque, pois ele é patrimônio da nossa vida e de toda humanidade.
Enfim, não somos bandidos e o nossos políticos, de todas as correntes partidárias, ao defenderem a estrada ecológica cumprem somente o papel constitucional de defender a soberania nacional e os interesses do nosso povo.
Todos nós defendemos a estrada ecológica. Todos nós defendemos a fauna e a flora.
Nós amamos a nossa estrada e o nosso parque. Fala o poeta da triste realidade atual:
“A estrada trancada
Ninguém por ali passa
Somente quem caça.”
Nós amamos o nosso Parque! Nós amamos a nossa estrada ecológica!
Capanema, Cidade da Rodovia Ecológica, 3 de maio de 2019 (lei n° 1.677/2019).
Comissão da Cidade da Rodovia Ecológica
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